domingo, 15 de setembro de 2013

Lipman: super-heróis e a filosofia para o pensar para as crianças

Por Gelson Weschenfelder


Um dos grandes ícones da cultura POP da atualidade é o ressurgimento dos super-heróis das histórias em quadrinhos. Graças às adaptações para a tela dos cinemas e animações na TV, toda criança conhece estes personagens, e busca interagir com estes em suas brincadeiras e momentos de lazer. Mas o que estes personagens podem trazer para nossas crianças?
Além da finalidade de entreter, as HQ’s[1] apresentam questões importantes do cotidiano, como: responsabilidade pessoal e social, justiça, crime e castigo, emoções humanas, identidade pessoal, diferença, sentido da vida, amizade, amor. Os super-heróis ensinam pelo exemplo e mostram o bem e a justiça em ações concretas.

Segundo Lipman, a sala de aula, teria de se devotar ao raciocínio, à investigação, à auto-avaliação[2]. Para ele, devemos ensinar aos alunos como a sociedade funciona, pois a maneira como eles pensam que ela funciona irá, em seu devido tempo, influenciar a maneira como ela funciona[3]. Mas como fazer as crianças entender e questionar o funcionamento da sociedade, levá-las a investigação e ao raciocínio? Uma educação voltada para o desenvolvimento da racionalidade, para Lipman, é o ideal, isto é, uma educação para o pensar. Mas como fazer isso hoje? Usar quais ferramentas pedagógicas? A escola deve preparar as mudanças necessárias para esta educação, elaborando programas de filosofia para crianças nas escolas. E as HQ’s, poderiam ser este grande auxilio, elas servem de material didático para o aprendizado do pensar filosófico sobre sociedade, questões de gênero e diferença, e até mesmo, a questão do entendimento humano.
Na ficção das páginas das HQ’s, os super-heróis modificam a sociedade, tornando esta perfeita aos nossos olhos. Se usarmos estas histórias em sala de aula, com um programa de filosofia para crianças, esta ferramenta poderá auxiliar a educação, redimir a sociedade. Os super-heróis sairiam das páginas, para tornarem-se modelos críticos de nossa sociedade. Através do entretenimento as crianças assemelhariam melhor o conteúdo, entenderiam a sociedade, pois estas histórias não são tão inocentes assim, elas trazem na forma literal vivencias em nosso dia-a-dia.
Os super-heróis das HQ’s são ótimos exemplos a seguir. Eles nos ensinam o que fazer em diversas situações, mostrando sempre que o lado do bem é o caminho certo a seguir. As HQ’s sempre foram pioneiras em trazer questões de suma importância à discussão para os meios de comunicação de massa, questões discutidas tão somente por ativistas e seus meios de comunicação restritos.
As HQ’s sempre se adaptaram ao contexto histórico. Mostrando os anseios da sociedade, tornando os super-heróis os guardiões da moral e da ética.
Lipman foi um dos grandes incentivadores para minha pesquisa sobre super-heróis e a filosofia. O programa dele de educação filosófica para crianças, é necessário em nossas escolas. Por isso venho buscar nas HQ’s, fundamentações filosóficas para auxilio às aulas de filosofia. Com esta ferramenta, as HQ’s, poderíamos fazer muito bem a relação entre educação e sociedade, na qual Lipman fundamentava.

[1] Histórias em Quadrinhos.
[2] LIPMAN, M. A filosofia vai à escola. São Paulo, Summus Editorial, 1990. p.23.
[3] LIPMAN. Op. Cit. P.138.

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