quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Essa tal de filosofia

 
O que é esta ciência tão antiga? Muitos nem imaginam que ciência é esta. Na verdade muitos filósofos dedicam anos de pesquisas para responder tal pergunta, e cada um tem uma maneira diferente de interpretar o significado desta; o filósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938), dizia que ele sabia o que é filosofia, ao mesmo tempo que não sabe, a própria explicação do que é filosofia é uma questão filosófica. Mas na real, o que é essa tal de filosofia?
Primeiramente buscaremos na etimologia[1]. A expressão ‘filosofia’ vem de uma associação de dois termos gregos, philia (amor ou amizade) e sophia (sabedoria), seu significado literal seria “amor pela sabedoria”. Porém aqui, deve-se ter cuidado, assim como Charles Feitosa (2004) comenta, “o filosofo não é um sábio, aquele que se sente cheio de certezas, mas sim alguém que está constantemente à procura de conhecimento” [2]. A palavra filosofia foi primeiramente usada por Pitágoras (580-496 a.c), por não se considerar um ‘sábio’ (sophos no grego), mas apenas alguém que ama e procura a sabedoria.
Somos animais racionais (homo sapiens), seres que pensam, que racionalizam. Por ser este ‘ser pensante’, questionamos sobre as coisas; quantas vezes não nos pegamos a pensar o que é o amor, a vida, a morte? Este simples ato de questionar, nos faz buscar argumentos para dar sentido a estas coisas. Então é do homem questionar, e este ato é o ato de filosofar, um simples ato espontâneo, que todo homem tem capacidade de fazer, assim como o filósofo italiano Gramsci dizia, “não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense, precisamente porque o pensar é próprio do homem como tal” [3].
A filosofia pressupõe, de certa forma, uma constante disponibilidade para o questionamento, assim como os filósofos gregos Platão (429-347 a.c) e Aristóteles (384-322 a.c), disseram que, a primeira virtude do filósofo é admirar-se, ser capaz de surpreender-se com todas as coisas, e indagar as verdades dadas, é um sair de si, ir á busca da verdade e não esperar por ela.
Segundo estes filósofos, devemos então nos surpreender, assim como o escritor Jostein Gaarder relata, “a capacidade de nos surpreendermos é a única coisa que precisamos para nos tornarmos bons filósofos” [4]. As crianças possuem esta capacidade de surpreender-se com todas as coisas, mesmo ela vendo o mesmo objeto/coisa diversas vezes, na verdade há um espanto pelo novo. Alguns pensadores, assim como Rubens Alves, afirmam que, devemos ter o espírito de uma criança, para que assim, possamos exercer nossa plena capacidade filosófica[5]. De certo forma os adolescentes, também possuem outra característica do filosofar, a curiosidade. Por sua vez, devido à idade, muitos jovens envolvem-se com comportamentos inadequados como sexo sem prevenções e uso de drogas.
O ser humano, assim quando vai crescendo, vem perdendo a capacidade de surpreender, admirar, espantar, nossa curiosidade é reduzida. Infelizmente o homem nasce filosofando, e ao amadurecer deixa de lado esta característica. No livro O Mundo de Sofia, o escritor Gaarder, aborda este assunto:
O triste de tudo isso, é que, à medida que crescemos, nos acostumamos não apenas a lei da gravidade. Acostumamo-nos, ao mesmo tempo, com o mundo em si (...). Ao que tudo indica, ao longo da nossa infância nós perdemos a capacidade de nos admirarmos com as coisas do mundo. Mas com isso perdemos uma coisa essencial – algo que os filósofos querem nos lembrar. Pois em algum lugar dentro de nós, alguma coisa nos diz que a vida é um grande enigma. E já experimentamos isto, muito antes de aprendermos a pensar[6].
 A pergunta que fica é....
Por que crescemos?


[1] Parte da gramática, que trata da origem e formação das palavras.
[2] FEITOSA, Charles. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro:Ediouro, 2004. p.12.
[3] GRAMSCI, Antonio. Obras escolhidas. São Paulo: Martins Fontes, 1978. p. 45
[4] GAARDER, Jostein. O mundo se Sofia. São Paulo: Cia das Letras, 2003. p. 27.
[5] SILVA, Márcio Alexandre. O que é filosofia? Filosofia, ciência e vida, São Paulo:Escala, 2009, v. IV,n. 43.
[6] GAARDER. Op. Cit. p. 30.

Nenhum comentário:

Postar um comentário