terça-feira, 6 de agosto de 2013

Jornal Ibiá repercute situação da Biblioteca Pública

Confira reprodução de matéria de hoje do Jornal Ibiá (www.jornalibia.com.br)


Reforma da Biblioteca segue indefinida

Endereço. Prefeito e vice têm opiniões diferentes sobre o local mais adequado para colocação definitiva

Márcio Reinheimer | 06/08/2013
Se dependesse do vice-prefeito e secretário de Educação, Luiz Américo Aldana, a Biblioteca Pública não sairia mais do Parque Centenário. Ontem pela manhã, durante uma reunião na Câmara de Vereadores, ele disse que o antigo endereço, na rua Capitão Cruz, é “elitista” e que somente os “filhos dos ricos” iam até lá para fazer suas pesquisas. Mas como a decisão cabe ao chefe do Executivo, não é o que deve ocorrer. Tão logo o prédio seja reformado, é para o Centro que o acervo vai retornar. Pelo menos foi o que informou Paulo Azeredo em resposta a um pedido de informações.
O assunto que levou Aldana à Câmara foi a situação em que se encontra o acervo. Parte dos livros foi acomodada no antigo restaurante do Parque, prédio que possui sérios problemas de umidade, infiltrações e até alagamentos. O arquivo de jornais é coberto por lonas plásticas e, pelo assoalho, são espalhados baldes para enfrentar das goteiras. Uma segunda parcela dos livros, que compõe o Museu Literário, foi acondicionada em caixas de papelão e guardada no prédio da Estação da Cultura. Ali, foram vítimas dos ratos.
Os vereadores queriam informações sobre o projeto de reforma e o que a Administração Municipal pretende fazer para garantir a segurança dos livros até que a obra esteja concluída. O encontro, que atendeu a um requerimento de Marcos Gehlen (PT) e Renato Kranz (PMDB), contou com a presença do diretor de Cultura, Itacir Martins, de integrantes da Associação Montenegrina dos Escritores e da Associação dos Amigos da Biblioteca. Aldana disse que, sobre o novo projeto, sabe apenas que, até sexta-feira, estava pendente a definição sobre onde seria instalado o elevador. Quanto aos prazos, lembrou que não atua na Secretaria de Obras, a quem cabe a resposta.
No que diz respeito à guarda do acervo, o secretário explicou que já foram adotadas algumas medidas para acabar com as infiltrações. “Estive lá no domingo, após a chuva, e os baldes colocados para receber a água das goteiras estavam secos”, relatou. Ele acredita que o problema esteja resolvido. Quanto ao ataque dos ratos na Estação da Cultura, admitiu que provocaram danos, mas acredita que tenham ficado restritos e poucos livros. Nos próximos dias, o material deve ser levado para salas ociosas no Palácio Rio Branco, sede da Prefeitura.
Os vereadores saíram decepcionados. Esperavam que, sete meses após o cancelamento da reforma contratada pelo governo anterior, a um custo de R$ 330 mil, já haveria, pelo menos, uma definição sobre o começo das obras. “A única informação que temos é que o projeto está em fase final de elaboração e que, felizmente, a Biblioteca voltará para o Centro”, comentou o vereador Marcos Gehlen (PT), que chegou a ser chamado de “demagogo” pelo vice-prefeito. Aldana tentou minimizar a acusação, destacando que a demagogia, muitas vezes, é a busca do convencimento por meio da sedução. “Nem sempre é uma crítica”, garantiu.

No Centenário ou no centro da cidade?

A reunião de ontem, na Câmara, teve vários momentos tensos. Ao anunciar que prefere a permanência da Biblioteca Pública no Parque Centenário, Luiz Américo Aldana se tornou alvo de praticamente todos os participantes. Ele disse que não participou da decisão sobre a transferência do setor para lá, no começo de governo, mas, com o tempo, concluiu que aquele espaço é melhor do que o anterior. “É mais democrático e acessível”, garantiu, lembrando que o ambiente do Parque é um convite à leitura, até por ser também um espaço do lazer.
O secretário disse que o prédio do Centro, junto à Fundarte, só era visitado por crianças carentes quando as professoras as levavam até lá. A presidente da Associação dos Escritores, Dina Cleise de Freitas, discorda. Ela sempre estudou em escolas públicas, é filha de agricultores e fez centenas de pesquisas naquele local, afirmou. Aldana reagiu mal à colocação e chegou a dizer que, por muito tempo, nem os negros entravam ali. “O povo nem sabe onde fica. Este município sempre foi excludente”, arrematou.
A vereadora Rose Almeida contestou o secretário armada com números. Antes, a Biblioteca Pública recebia, em média, 100 visitantes por dia. No Parque, a frequência caiu para apenas seis. “Mas com toda essa propaganda contra, é natural”, revidou o secretário. “Não existem nem linhas de ônibus para as pessoas irem até o Parque”, ponderou a representante da Associação dos Amigos da Biblioteca Pública, Giovana de Ávila.
Diante dos argumentos do grupo, Aldana acabou reconhecendo que o espaço no Parque Centenário apresenta problemas, mas acrescenta que a situação é momentânea. Manter a Biblioteca no local, admitiu, também implicaria em investimentos na reforma e na ampliação do antigo restaurante. “Temos que considerar tudo que foi dito. A comunidade tem o direito de opinar sobre o assunto”, concluiu.


Medo de perder verba

Os membros da Associação dos Amigos da Biblioteca Pública estão preocupados com o futuro da instituição. Logo que a nova Administração Municipal assumiu, os móveis foram depositados provisoriamente no ginásio de esportes Domingos dos Santos, onde foram alvo dos pombos, que teriam inutilizado algumas peças. Felizmente, através de um projeto encaminhado ao governo federal, a instituição foi contemplada com verbas para aquisição de mobília nova, incluindo mesas, prateleiras e computadores. “Com a situação em que está, será que a Biblioteca não corre o risco de perder estes recursos”, questionou Giovana de Ávila. Ninguém soube responder.
O vereador Renato Kranz chamou a atenção para outro tema. Segundo ele, o projeto de reforma, no ano passado, foi elaborado pela direção e pelas entidades ligadas à cultura, de forma a atender às necessidades do segmento. “Espero que agora, antes de abrir uma nova licitação, seja dada oportunidade para estas pessoas também se manifestarem”, pediu. Kranz lembrou que o prefeito Paulo Azeredo se comprometeu a fazer a obra por um terço dos R$ 330 mil previstos inicialmente. “Espero que isso não signifique renunciar à troca do telhado, que precisa ser substituído”, avisou.
A vereadora Rose Almeida disse que a Câmara vai intermediar o contato entre a Administração Municipal e as entidades. “Assim que o projeto estiver pronto, vamos promover uma reunião, aqui no Legislativo, chamando o Executivo e as entidades ligadas à área da cultura, para apresentá-lo”, prometeu.

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