quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Linha Timbaúva

Existem histórias perdidas no tempo que me fazem refletir desde a infância. Relatos comuns, com personagens do dia a dia que poderiam ter vivido em qualquer lugar e época. Mas que, contados pelos meus avós, ganhavam uma aura de respeito e de sentimento. Como se a simples história quisesse ultrapassar os seus limites e viver além dos seus personagens. Como se os fatos ali descritos planejassem tomar um sentido muito maior, mais abrangente e profundo.

Ninguém consegue criar algo de forma independente e exclusiva. Toda história, por mais fantástica que seja, precisa alimentar-se da realidade para se nutrir. Por isso, lendas têm algo de verdadeiro. Algo que nos parece familiar. E mesmo que sejam contadas pela primeira vez, nos fazem lembrar daquilo que está no fundo do nosso coração.

Sentados em suas cadeiras de palha, meus avós, Waldemar e Célia, contavam histórias que tentavam jogar um pouco de luz na escuridão da noite. Poucas eram as lâmpadas que se enxergavam no breu dos campos da Timbaúva daquela época. Apenas as tímidas estrelas do céu conseguiam trazer sombras para o terreiro. As histórias por eles narradas se tornaram pequenos astros que guiam os meus sentimentos agora.

Eduardo Kauer

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