sexta-feira, 16 de agosto de 2013

PROSA OU POESIA?

Queria descrever em prosa
Alguns fatos que eu vivi
Na minha infância primeira
Que nunca mais esqueci
Mas os versos me perseguem
E as palavras não conseguem
Ficarem como eu pedia
Querendo ser mais bonita,
Colocam laço de fita
E insistem em ser poesia!

Põem-se todas enfileiradas
Acenando para mim
Querendo chamar a atenção
Rodopiam no salão
Num bailado harmonioso
Depois ficam saltitando
Todas elas me chamando
Para conduzi-las ao palco
Então, não posso escapar.
E convido uma por uma
Não deixo ficar nenhuma
Sem comigo vir dançar!

Agora já estou cansada!
Mas ficam me namorando
Continuam desfilando
Sorridentes, enfeitadas
Pedindo para serem escritas
De forma bem arrumada
Para que sejam notadas
Se estiver alguém olhando



Quando acordo de manhã
Já estão todas na janela
Cada qual quer ser mais bela
Ficam sorrindo pra mim
Insistindo novamente
Pra ganharem atenção
Postam-se na minha cabeça
Só um pouquinho que desçam
Alcançam meu coração.

Até tento esconder-me
Em algum lugar seguro
Para que elas não me achem
Fico quietinha no escuro
Mesmo assim sou surpreendida
Quando estou bem distraída
Chegam dando gargalhadas
Parecendo borboletas
De bandos em revoadas!

Carrego desde a infância
Junto comigo essa sina
Mas te confesso que gosto
De brincar com essas meninas
Palavras alegres e faceiras
Feito a flor das laranjeiras
Que são brancas e cheirosas
Elas enfeitam meu dia
E esse feitiço instalado
Quando é bem maquiado
Vai transformando-se em poesia!

Célia Ávila

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